FUGA

DEFINIÇÕES

EXPOSIÇÃO
1. Sujeito
2. Resposta
3. Contra-sujeito
4. Episódios (Divertimentos)
5. Contra-exposição

SEÇÃO CENTRAL

REEXPOSIÇÃO
1. Stretto
2. Pedal

TIPOS ESPECIAIS DE FUGA E CONGÊNERES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Contra-sujeito


É um tema subsidiário que acompanha o sujeito. Seu conceito foi introduzido por Coprario, em seu Rules How to Compose (c.1610). Um contra-sujeito ouvido com o sujeito em todas as entradas (ou quase todas) pode ser considerado um contra-sujeito regular.
O contra-sujeito tem duas origens. Um tipo deriva da continuação da primeira voz contra a resposta; à medida em que o sujeito tende a tornar-se mais longo e mais característico, ele tende também a formar uma cadência definida antes da entrada da resposta; assim o que se segue contra a resposta tende a ser ouvido como um novo tema. Um segundo tipo deriva do antigo RICERCARE e FANTASIA, onde uma das maneiras de tratar o tema era combiná-lo, em seções posteriores da peça, com novos temas, a exemplo do Ricercare cromatico post il Credo (Fiori musicale, 1635, n. 31, compasso 19 em diante), de G. Frescobaldi.
O mais comum é que a primeira aparição do contra-sujeito seja contra a primeira resposta: o que é claramente derivado do primeiro tipo descrito acima. Às vezes, no entanto, sujeito e contra-sujeito podem ser enunciados simultaneamente desde a primeira entrada, como no exemplo a seguir, uma prática que parece ser derivada do segundo tipo.

Ex. xxx BEETHOVEN: Missa solemnis, 'Et vitam venturi'

Em tais casos, muitos escritores referem-se a "dois sujeitos" e chamam a fuga de "fuga dupla", uma definição que não ajuda em nada, visto que um tema sempre se sobressai a outro, e que apenas nessas primeiras entradas é que tal fuga difere das outras com contra-sujeito regular. Outra prática, nitidamente oriunda do segundo tipo, é a introdução de um ou mais novos contra-sujeitos ao longo da fuga, mas após a exposição (p. ex., a fuga n.4 do Cravo Bem Temperado, vol. I).
Normalmente, o contra-sujeito após ter aparecido na primeira voz contra a resposta, aparece então na segunda voz contra a terceira entrada, e, aí, na terceira voz contra a quarta entrada e assim por diante. No entanto, este procedimento não é invariável. Se a continuação da primeira voz contra a resposta pode tornar-se um tema regular, então, sua continuação pode reaparecer contra a terceira entrada, e assim por diante. Esta prática pode originar um segundo, terceiro e mesmo quarto contra-sujeito: Bach fez uso especial disso em suas Permutationsfuge, ou "fugas-round", como são às vezes chamadas, e que ele usa freqüentemente em corais (próximo exemplo).

Ex. xxx BACH: Cantata no. 21, seção final da 1a. parte

A evolução do contra-sujeito segue a do sujeito em seu crescente ganho em caráter temático e importância, exceto no que se refere à manutenção estrita de suas características melódicas. Na prática os contra-sujeitos são sempre temas subsidiários, nunca usurpando a dominação do sujeito.
Fugas acadêmicas tendem a encarar o contra-sujeito como um elemento obrigatório; apenas aqui, contra-sujeitos tendem a se tornar algo acomplicado, dividindo a atenção com o sujeito.
No período clássico da fuga o contra-sujeito é normalmente escrito em contraponto invertível (ou contraponto duplo) contra o sujeito; a estipulação acadêmica de que sujeito e contra-sujeito devem fazer "boa harmonia" não é de todo obedecida na prática, visto que a fuga é, antes, um processo temático e contrapontístico, do que meramente harmônico. (BULLIVANT, pp. 852-54).