Sendo a música, já o dissemos, uma arte onde o sentimento assume um papel preponderante, o
acento expressivo, cujos efeitos quase musicais na própria linguagem falada pode-se constatar,
exerce uma influência autocrática sobre o ritmo musical, a tal ponto que, diante dele, todo
acento tônico se atenua, ou até desaparece.
O acento expressivo decorre, ordinariamente, do movimento geral da frase melódica; não obstante,
ele encontra também sua aplicação no grupo simples, notadamente quando duas notas
colocadas sobre o mesmo grau seguem-se imediatamente. Neste caso, uma das duas é, geralmente,
afetadas pelo acento expressivo.
Tomemos por exemplo o grupo feminino:
A acentuação do segundo fá # (nota expressiva) assume uma tal importância que a apojatura
(mi, ré) não deve ser marcada; e o intérprete que levar em conta apenas esse acento tônico
cometerá um crime de "lesa-rítmica".
Vemos, portanto, por tudo que aqui precede, que o grupo melódico, verdadeira
palavra musical, é afetada pelo acento da mesma forma que a palavra da língua usual, e
contribui, a mesmo título, para a inteligência do discurso musical, por meio da acentuação, que
nos dá a chave da rítmica.