Um dos protestos de Lutero contra a Igreja de Roma (1519) foi com relação à música. Lutero
pretendia que a assembléia dos fiéis voltasse a cantar os seus hinos litúrgicos, e não mais
assistisse, passivamente, às "missas-concertos" da época, cuja intrincada polifonia só era
permitida a corais instruídos. O canto gregoriano foi também considerado difícil para as massas
de fiéis, além do que era cantado em latim. Por isso Lutero e seus colaboradores (Walther, Rupff)
decidiram estabelecer um repertório de hinos, em língua alemã, para ser conhecido e cantado
pelos membros da nova igreja nascente. Este canto coletivo, a capela, era o Choralgesang,
mais tarde, Choral.
O coral é uma das grandes fontes da música alemã. Os primeiros grandes músicos da cultura
germânica são compositores de corais: Johann Walther (1496-1570), Ludwig Senfl (1488-1543),
Matthias Greiter (c. 1500-1550), Hermann Finck (1527-1558), Hans Leo Hassler (1564-1612),
Michael Praetorius (1571-1621) e tantos outros.
Muitos corais, entretanto, não são originais, mas adaptações de canções populares, canções
profanas (inclusive dos goliardos e dos Minnesänger), cânticos do repertório romano gregoriano
e Geisslerlieder (cantos dos flagelantes).
As primeiras coletâneas de corais apareceram em 1524, entre as quais o Geystliche gesangk
Buchleyn, publicado por Walther, e contendo trinta e cinco melodias arranjadas a 3, 4 e 5 vozes.
Em menos de meio século, duzentas coletâneas verão a luz do dia.