A tonalidade é a relação de sons e de grupos constitutivos da melodia com um som determinado,
chamado tônica.
A tônica ocupa no discurso musical o primeiro lugar, a principal função.
Enquanto cada um dos sons ou de grupos de sons de uma mesma melodia permanecerem na mesma relação
com uma tônica (mesmas funções), a tonalidade segue constante.
Se, ao contrário, a função daqueles sons ou grupos vêm a mudar, a tonalidade varia: é a
modulação.
Toda fórmula melódica de cadência suspensiva é, por ela mesma, modulante, e o sentimento da
tonalidade inicial só pode ser restabelecido por meio de uma fórmula de cadência definitiva ou
tonal.
A modulção deve ser sempre motivada por uma razão expressiva: na ordem dramática, é o
sentido das palavras que a determina; na ordem sinfônica ou puramente instrumental, é o caráter
geral dos sentimentos a serem expressos (ver nosso cap. VIII, livro I).
Tem-se o hábito de remeter unicamente à harmonia os fenômenos da cadência e da modulação; é um
efeito da nossa concepção moderna de tonalidade, baseada principalmente nas relações harmônicas
dos sons. Contudo, não se deve esquecer que a noção de tonalidade é muito anterior a
qualquer espécie de harmonia1: em toda a música da época rítmico-monódica, o princípio
da tonalidade se manifesta, mas de maneira exclusivamente melódica, com suas verdadeiras
cadências e modulações - puramente melódicas. Distingue-se aí claramente a modulação dominante e
a modulação mediante. Essas são talvez as únicas encontráveis antes do séc. XVI, mas não
precisamos de mais para provar que o papel da harmonia, embora importante, não era estritamente
necessário.