Todo esforço melódico necessita de um repouso, que se manifesta pela cadência.
Todo movimento, de qualquer natureza que seja, é resultado de um esforço que, cedo ou tarde, deve
se resolver num descanso.
Já vimos que a parada marcando o fim de um período forma o que chamamos de uma meia-
cadência; toda sucessão de períodos melódicos, separados por repousos provisórios (as
meias-cadências) constitui uma frase1, cujo ponto terminal é caracterizado por
um repouso definitivo.
Com relação a seus períodos constitutivos, a frase melódica se comporta como aqueles em relação a
seus grupos melódicos sucessivos; há, portanto, frases de períodos forte e períodos fracos.
Os repousos são caracterizados por certas fórmulas melódicas, verdadeiras cadências,
suspensivas ou conclusivas segundo o caso, como a cadência harmônica, da qual falaremos em
um outro capítulo.
Entre os períodos e as cadências existem certas correlações de simetria, que concorrem fortemente
ao bom equilíbrio da frase.
Assim, quando uma fórmula melódica de cadência se reproduz (seja sobre graus diferentes ou não),
ao fim de dois períodos correspondentes segue-se uma espécie de rima musical, comparável à
rima poética.
Dois períodos que rimam entre si podem ser consecutivos (rimas regulares), separados por um
período intermediário (rimas cruzadas), ou mesmo por dois (terças) etc.
Existe também uma proporção entre os comprimentos relativos dos períodos; não se deve,
entretanto, concluir a partir daí, a necessidade de sua quadratura, isto é, da simetria de
seus compassos, estreitamente limitada ao número de 4 e seus múltiplos. A quadratura é, ao
contrário, um elemento de vulgaridade, raramente útil fora de certas formas especiais da música
de dança.
O caráter conclusivo ou suspensivo das cadências melódicas dependem de sua tonalidade.